Nos tempos difíceis, como na pandemia que estamos enfrentando, é que ele fazia toda a diferença. Tinha sempre a palavra exata, usada com o peso correto, escolhida com o critério de quem não quer machucar o outro. E quando saía algo da sua boca, era com o zelo de admitir que "a coisa estava difícil, mas que era possível fazer de outro modo". Também sempre foi dono de um humor refinado, encontrando tiradas inesperadas para qualquer situação adversa que lhe apresentássemos. Tinha o hábito de olhar para as coisas sempre de um ângulo diferente, vendo o que não víamos. Com Mauro Tyba sempre foi possível rir mesmo quando o sapato apertava demais.

Tratava de coisas simples ou de coisas complexas a exemplo de ter vivido tudo ou como se nada nesta vida pudesse surpreendê-lo mais. Quando nos assentávamos para ouvi-lo, ficava a sensação de que Tyba possuía 300 anos de vida ou tantas outras encarnações (para quem acredita) e não escondia a tentação de seguir aprendendo todas as coisas novas que estivessem ao seu alcance. Mas, gostando ou não, o fato é que chega, para todos, um tempo em que é preciso lembrar das coisas boas que os amigos fizeram. Eles merecem esse selo de utilidade. Não importa que não tenham sido perfeitos os nossos amigos. Ninguém é. Bobagem pretendermos alcançar a perfeição. E Mauro não é perfeito. Mauro é, e isso é verdade, insubstituível. 

Decidido a afastar dos negócios, para merecido descanso (e acometido de Alzheimer), deixou um vazio em meio a nós. E entre nós ecoa, todos os dias, a pergunta que não nos permite descansar: "Afinal, como estará o meu amigo Mauro Tyba?" E numa mensagem privada no Facebook, Dona Eliana (sua esposa) responde-me: "Bem cuidado, assistido e, graças a Deus, agradecido à vida".