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A profissão mais asquerosa da cidade
tem, sim, os seus praticantes e aliciadores
ROBERTO MARCOS - VOX
Domingo, 23/5/2021, às 7h35min - Do articulista
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Embora seja antiga e remonte muitas datas, ninguém sabe ao certo quando essa doença de comportamento – o puxa-saquismo - foi delineada em Teófilo Otoni como algo de algum valor. Selecionei algumas frases que buscam definir essa ferramenta de ganhar a vida. Conversei, por exemplo, com pessoas que tentam reduzir o significado da expressão, dizendo que o puxa-saquismo é simplesmente a arma dos incompetentes. Para outras, puxa-saco é igual ao carvão: “Quando apagado suja, quando aceso queima”. E há, por fim, quem acrescente que “quem puxa-saco, puxa até o tapete”.

Por efeito de pesquisa, que eu registre bajuladores, lambe-botas, baba-ovos, chaleiras, engraxadores, aduladores e mantegueiros como sendo sinônimos bastante próprios e usáveis para a “profissão” (se é que podemos chamá-la assim) que discutimos agora.

Seja como for, o fato é que a prática ganhou força em Teófilo Otoni. Na política, por exemplo, não é difícil encontrarmos pelo menos um puxa-saco que ocupa cargos importantes que vão de secretária do município a outros nas esferas estadual e federal. Participa bem desse jogo de cadeiras gente que bajulou Getúlio Neiva, Édson Soares, Maria José, passando por Northon Neiva, Neilando Pimenta ou qualquer outro que chegue ao poder. Aliás, característica comum aos puxa-sacos: a infidelidade. Ou seja, se há um chefe e uma mesa desocupada, ele estará lá. E o incrível é que essa gente (de competência duvidosa) sempre dá um jeito de alcançar uma “boquinha”. Afinal, gostem ou não, preciso dizer que puxa-saco tem pelo menos uma competência a ser reconhecida: a de rastejar nas sombras e na calada em busca de uma fresta para se colocar para dentro da próxima oportunidade. E quando o puxa-saco é, de fato, vocacionado a viver de prostrações, ele também é capaz de largar a profissão de origem, deixar a família, trocar de amigos apenas para migrar para o universo do rapapé.

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Outra injusta confusão que se faz também é que puxa-saco é sinônimo de assessor. Não é. Mas essa bagunça conceitual levou prefeitos e deputados por Teófilo Otoni a permitirem que tal anomalia os acompanhasse feito fosse tendência a ser naturalizada. Que eu ressalte, antes que eu me esqueça, que assessoria é uma profissão digna como outra qualquer. O problema é que o sujeito assentado nesse cargo apaixona-se tão cegamente pelo poder que não é seu, que perde a noção de limite, agarrando-se às calças daquele que o comanda. E faz isso (como se fosse obrigação) apenas para demonstrar a mais fidelíssima das servidões. Pense, por exemplo, em nossos deputados (Neilando Pimenta e Fabinho Ramalho) e olhe em torno deles. Encontrará, sim, um bajulador por profissão, um "rapabunda",  um "bosta n´água" - olhando para o chefe com um resplandecente brilho nos olhos.

Há também os bajuladores de donos de rádio, de comandantes de Polícia, de delegados, de grandes empresários e, agora, surgiu uma nova modalidade: os babões de artistas. Se você tem dúvida, basta mirar o campo de gravidade de Léo Magalhães que verá gente que extrapola o limite da admiração e rasteja feito uma sombra apaixonada, “sofrendo de um incontido amor”. Ser fã, tudo bem, é uma extensão possível e tolerável do caráter. Gozar pelo sucesso que não é seu já beira um lance bastante diferente.

O pior nessa história é imaginar que todo líder - seja na política, no meio empresarial ou em qualquer outro segmento - que cultua o seu puxa-saco de estimação também pode estar derrapando em um de dois conhecidos problemas:  ou a figura em questão amarga algo mal resolvido dentro de si ou, na melhor das hipóteses, precisa de um espelho (igual ao da madrasta da Branca de Neves) para se convencer, todos os dias, daquilo que ele não chegou a ser.

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